Morri por educação de Natalie Lourenço

Morri por educação.  A princípio parece um livro trágico, dramático, exageradamente romântico. Mas não é nada disso. São dezessete contos muito bem escritos, que te levam a viagens virtualmente distintas e intrinsecamente relacionadas.

É comum olhar para os primeiros parágrafos de um conto para sentir qual a sua pegada, no caso dos trabalhos de Natalie é como se ela os escrevesse com uma pena de nanquim e no último ponto da história deixou a tinta um bocadinho a mais e deu ao ponto final uma pequena protuberância. Um sinal de que a história vai sair do papel e criar vida.

Ela cria um sentimento de continuidade. O ponto final está lá, mas não fica lá. No caso de Natalie, repare nos finais, apesar de ela nomear seus contos como desgraçados, eles são humanos, como um olhar raso e relâmpago sobre a vida, que se transmuta em uma ação, consciente ou não. Talvez a desgraça resida aí?

Apesar de ser seu primeiro livro ela mostra uma maturidade impressionante na construção de seus personagens e no universo onde estão inseridos. Eles se harmonizam nos detalhes simples que se constroem complexos em nossas cabeças.

É como se com uma agulha fina inserisse um contraste em nossas veias que se iluminam como uma árvore de Natal quando vistas pela ótica neural.

Gostei particularmente da primeira parte do livro “Engole o riso”, apesar do conto que nomeia o seu livro começar na segunda parte “Engole o choro”.

O conto “Dentes”, foi uma ótima escolha para a abertura, não vou dar spoilers, mas trata de uma situação inusitada e de certa forma inevitável, visto o ocorrido, ela cria uma sequência de pensamentos que vai aos poucos moldando cada personagem, é um bom exemplo de como se construir personagens a partir de sentimentos, ações e consequências.

O conto “Desesperanto”, este na segunda parte, me lembra um pouco o Cortazar pela sua pega surreal, uma pequena torre de Babel particular. Culpas privadas de um Deus pessoal?

Desarmonias implícitas na ordem subjetiva dos encontros casuais? Leia este conto com carinho, ele chega a ser bem divertido.

A história de amor de “A arte de correr pegando fogo” teve um time de história tragicômica adolescente de fins inconsequentes e terminações nervosas de morte lenta, mas no fundo sofridas. Quando ler este conto vai entender.

E não podemos deixar de falar do conto que encerra a antologia; “Sudário”, a marca de Jesus Cristo. É um conto religioso? Sim e definitivamente não.

Ele grita, somos humanos caralho, a religião esta coleira supra divina, não pode ser rompida, não sem pelo menos um grito alto e forte de um orgasmo homérico, para este amor platônico. Só Deus entende de suas marcas.

Beijos Nathalie, que os Deuses das letras te acompanhem até a sua morte por educação.

Sobre Nathalie

Paulista, paulistana. Nasceu em algum período em 1984, era de Orwell, quando o inverno chegou. Redatora publicitária teve textos publicados nas revistas: Philos, Vacatussa, Flaubert e Blecaute!

Quer saber um pouco mais sobre a Nathelie, veja sua entrevista na Appaloosa Magazine.

O livro “Morri por educação” foi finalista na categoria prosa da Primeira Maratona Literária, promovida pela comunidade online Carreira Literária. E como disse antes, é o seu livro de estreia. O endereço para conseguir o seu exemplar está aí embaixo, vai nessa, não se arrependerá.

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