Amar, verbo intransitivo – Mário de Andrade

Amar, verbo intransitivo foi o primeiro livro de Mário de Andrade. Na obra ele buscou uma ruptura com os padrões clássicos vigentes. Mais tarde todo este trabalho amadureceu nas obras icônicas; Macunaíma e Paulicéia Desvairada marcos do modernismo brasileiro.

O livro fala da iniciação sexual de Carlos, que tem seu primeiro relacionamento com Elza, uma profissional contratada pelo pai para iniciar o filho nas artes do amor.

Este personagem parece que foi muito bem trabalhado para representar todo o movimento que acontecia, até então, na mente de Mário de Andrade e outros modernistas.

O elemento aqui é a ruptura, Carlos através do amor de Fräulen, como passou a ser chamada quando foi morar com os Sousa Costa, deixa de ser criança e passa a ser um adulto.

Uma interpretação para isto seria a própria passagem da literatura nacional, que procurava uma identidade própria, desvinculada dos padrões europeus. Seria a procura de nossa maturidade?

Este foi o foco do modernismo, encontrar o adulto em nós brasileiros, nossa língua, nossa real imagem no espelho. Longe das espinhas e inseguranças adolescentes.

No livro ele procura uma nova linguagem, as pontuações os termos usados, todos existiam nas ruas, entre o povo brasileiro, que se formava misturado pelas raças, pelos novos povos que aqui chegavam. E pela nossa história.

Toda esta alquimia explodiu em Macunaíma, mas estava lá se encubando em Idílio (o subtítulo do livro).

DNA desconfigurado/remontado

Na busca de nosso genoma histórico, Mário de Andrade se afunda na raça brasileira, no seu linguajar. Os índios estão lá, como estão os europeus. Elza é a razão que moldura o quadro, mas a tinta é caótica, como se Picasso pintasse a capela Sistina, ainda seria uma capela, mas o Papa cairia sentado.

Esta é a intensidade que o livro procura passar. Não se rompe completamente com o passado sem um grito gutural. Como o nascimento de Macunaíma, “Amar” também tem o seu grito.

É o sair da casa dos pais, ver a sua bagunça na sala, a cozinha suja e saber que aquilo é seu e que não tem volta. Os pratos estão com a sua comida, nada que foi feito por sua mãe. Podemos usar lembranças de sua receita, mas o gosto será o de nossas mãos.

Esta visão assustaria um adolescente, mas já passamos pela Elza, nosso coração está marcado pela vida, que traz felicidade e também decepções, amor e indiferença. “Intrasitamos” por nosso novo caminho. “Adultecemos”.

Mário de Andrade trabalhou muito neste livro, fez várias revisões, como um alquimista tentando descobrir a formula da pedra filosofal, conseguiu abrir um caminho novo na mata tupiniquim, e hoje navegamos por esta trilha, repleta de animais e floras desconhecidas. Novos caminhos? Sempre e sempre!

Abaixo o livro. Não precisa esperar para fazer o download. Clica e vai! Boa leitura.

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