Em algum lugar do Ipiranga

Entre carros e ônibus e táxis. Andar por São Paulo abre os olhos para as pequenas coisas escondidas no caos urbano. Quando era pequeno, do tempo da escola, gostava de andar pelas ruas do Ipiranga. Passava pelo mercadão da Vergueiro, ficava ao lado de uma lanchonete que vendia a melhor coxinha da região, sempre que tinha algum dinheiro parava lá e pedia uma.

Andando mais um pouco passava em frente a loja do pai do meu amigo Larry, sempre animado me chamava para entrar. Naquele tempo todos estudavam em escolas estaduais, todos se conheciam mais. Tinha uma garota, a Liz, sempre gostei dela e nunca disse isso claramente.

Havia um ritual não declarado entre nós, toda vez que eu cruzava a Vergueiro com a Cursino ela vinha na direção oposta. Não era combinado, era um acaso quase divino. Eu vinha de um lado e ela do outro. Com olhos sorrindo me dizia:

-Oi!

Eu retribuía:

-Oi.

E seguia o seu caminho, me deixando lá parado, olhando como bobo a garota partindo. E foi assim durante quase todo aquele semestre. Depois crescemos e nos distanciamos. E hoje estou aqui, novamente andando pelas ruas do Ipiranga. A loja do meu amigo não está mais lá, nem sei mais por onde ele anda. Encontrei o chileno num posto de gasolina. Ele que era o menor da turma, estava com quase dois metros de altura. Na verdade, o chileno me reconheceu, nunca saberia que aquele cara de dois metros era o nanico do colégio.

Foi bom ter deixado meu carro de lado e, como nos velhos tempos, ter voltado a andar pelo meu bairro. Tudo parece menor hoje, ou talvez eu esteja um pouco mais cego, caminho pelos olhos da memória. O mercadão ainda está lá, o cheiro está diferente, algumas lojas ainda se mantém firmes, estão lá vendendo o que sempre venderam.

Viro a Vergueiro com a Cursino e uma senhora olha para mim e diz:

– Oi!

Retribuo:

– Oi.

E segue o caminho, me deixando lá parado. Eu conhecia aquele olhar, os cabelos, o sorriso. Era a Liz? Esboço um grito. Um vem cá. Mas já é tarde, não é Liz? Vou até a lanchonete que ainda está lá e compro uma coxinha.

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