Poucas vezes vemos um livro que narra a formação de um escritor, poucas vezes este escritor veio de um país em um continente que sofreu e sofre com guerras.
Ngũgĩ wa Thiong’o nasceu no Quênia, na África. o ANO ERA 1938, em plena segunda guerra mundial. Naquela época seu país estava sob domínio britânico.
Seu pai, como muitos da cultura africana, era polígamo, Ngũgĩ wa Thiong’o é o quinto da terceira de quatro esposas do seu pai Thiong’o wa Nducu. Todas viviam pertos uma da outra.
Seus filhos se misturavam em irmãos de pai.
O seu primeiro contato com o homem branco foi em 1941. Italianos prisioneiros de guerra foram obrigados a construir uma estrada de ferro em Nairóbi.
A comunicação entre eles acontecia de forma improvisada e com muitos gestos. Como eles não sabiam como chamar aqueles escravos brancos, pela repetição do que diziam, acabou ficando que aquele povo se chamaria “Bono”.
Este contato gerou muitas lembranças e também muitos filhos pardos, nascidos sem pais, que mudaram a estrutura familiar das comunidades quenianas.
Sonhos em tempo de guerra, fala de tudo isso e com um olhar de uma criança, negra, que vivia em uma guerra que não entendia e que um dia se tornaria um escritor.
Um dos momentos mais interessantes do livro é quando ele vai para a escola, seu contato com novos costumes, seu acordo com a mãe que pagaria as mensalidades da escola e ele por sua vez daria o máximo de si para aprender o que pudesse independente dos obstáculos que aparecessem.
Muitas vezes estes obstáculos apareceram na forma de fome, ele não tinha o que levar para comer durante o dia.
Brasil – África
A história de Ngũgĩ wa Thiong’o esbarra em tantas outras conhecidas aqui em nossa terra. Quantas crianças que vivem aqui, mesmo longe da guerra, não vivem situações semelhantes?
Ler este livro pode ser não só uma forma de conhecer uma cultura continental, que habita o outro lado do mundo. Pode ser uma viagem interna, um olhar para os meninos que crescem escondidos em nossa terra.
A primeira novela de Ngũgĩ foi Weep not Child, escrita em 1962 pouco antes da independência queniana, e conta através de um jovem chamado Njoroge e fala das tensões entre brancos e negros, um confronto continental, entre a Europa e a África, numa época em que os rebeldes kikuyus, conhecidos como Mau Mau, lutaram contra os ingleses pela liberdade do Quênia.
Ngũgĩ wa Thiong’o prometeu nunca voltar ao seu país enquanto o ditador Daniel Arap Moi estivesse no poder. Ficou 22 anos longe do Quênia.
Quando retornou, poucos dias depois, ele e sua mulher foram atacados no meio da noite em um apartamento das Norfolk Towers. Quatro agressores armados os atacaram com machetes (uma espécie de facão) e uma tesoura. Neste ataque sua esposa foi violentada em sua frente. Revoltado tentou reagir. Foi golpeado e queimado na face.
Dizem que o fogo mais forte forja a arma mais contundente. É neste fogo africano que Ngũgĩ foi forjado. É parte desta história, sua gênese, que você vai ler ao baixar os Sonhos em tempo de guerra.
Boa leitura.
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