Quantas caras nós temos?
Pergunta batida.
Somos uma pessoa com nossos pais, outra com os amigos, outra com quem amamos, outra com nossos inimigos e outras e mais outras, quantas forem necessárias para formar o que nós somos.
No livro Crime e Castigo estas “caras” pulam em vários personagens. O protagonista Rodion Românovitch Raskólnikov é um exemplo clássico. Ele se coloca acima da sociedade, cria uma teoria de uma casta de pessoas que podem ficar acima das regras da sociedade, e assim não precisar seguir suas leis.
Seguindo esta teoria e por se achar uma destas pessoas privilegiadas, ele comete um duplo assassinato para provar o seu ponto, de que o fim justifica os meios, ou seja, se o fruto de seus atos for nobre, não importa o caminho ou quem tenha de morrer para que este objetivo seja atingido.
Neste processo sua personalidade se desprende das regras normais e suas máscaras se fundem em um único indivíduo. Pelo menos é assim que deveria ser.
Ao acompanhar a trajetória psicológica do personagem, nota-se que estas máscaras ainda estão lá, ele não se livra delas, não fica acima da sociedade, o que acontece é apenas a perda total do controle de quem ele é. Acaba por fim assumindo seu crime, apesar de não acreditar que cometeu nenhum crime, e sua teoria só fez provar que ele era um humano como qualquer um.
Está, é claro, é só uma das muitas leituras de Crime e Castigo, mas serve para demonstrar como funciona a nossa cabeça.
E o que o filme Fragmentado tem em comum com Crime e Castigo?
O protagonista/vilão, possui um transtorno de múltiplas personalidades, que graças a sua terapeuta, ficam sobre o controle de uma única que escolhe quem deve vir à luz, ou seja, tomar as rédeas do corpo.
No entanto, uma nova personalidade surge e domina todas as outras, esta personalidade se coloca além do humano, chegando a ponto de transformar o seu corpo em uma espécie de super monstro indestrutível.
É claro que isto nunca aconteceria na realidade, uma bala pode matar uma pessoa mesmo que ela acredite que é feita de aço.
E é neste ponto que as duas tramas se tocam, poderíamos nós superar estas máscaras e viver além de nossas aparências?
Rodion não conseguiu, e muito menos Kevin, que apesar de ter esta super personalidade, ainda manteve todas as outras.
O fato é que o “eu” na verdade é “nós”, como isto se manifesta, como isto se equilibra é o que vai ditar a nossa sanidade.
Somos de certa forma o demônio que desafiou Jesus no deserto, quando o filho de Deus exigiu que o demônio lhe revelasse o nome e ele disse: Somos legião!
E em nome dessa legião que nos habita (que espero não serem demônios) indico o livro Crime e Castigo para lerem.
Esta edição foi traduzida diretamente do russo e não está disponível em PDF, mas está bem fiel ao estilo de escrever de Dostoiévski, fugindo do filtro francês ou das muitas traduções das outras versões.
Vale cada página. Boa Leitura!
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