Confesso, tenho uma fixação por trinta segundos. Vem do tempo em que montava comerciais, na média os comercias são feitos com o tempo de trinta segundos. Vender um peixe em um tempo tão pequeno parece impossível, mas os publicitários conseguem fazer isso com uma certa facilidade. Lembro que comerciais de um minuto era um clássico, quase um longa-metragem, um especial de fim de ano.
E quando você conseguia montar um comercial no tempo certo, os trinta segundos, com as dez horas de material que o diretor tinha feito, vinha a ordem de DEUS, faça uma versão de quinze segundos e uma de cinco!
Como comprimir o que já era pequeno em algo que era quase nada?
Com um pouco de treino você acabava acostumando e tirava de letra. Acabava ficando amigo dos trinta segundos.
E os trinta segundos ficou comigo, mesmo depois que larguei o cinema, ou ele me largou, não me lembro como aconteceu, um dia acordei e já não estava mais lá. Foi uma separação natural, um relacionamento que acaba como quando se entra no banheiro e lá só tem uma escova de dentes.
Mas “os trinta segundos” ficou, fiel, na minha cabeça. Comecei a pensar em tudo que caberia neste curto intervalo de tempo.
Meu avô conseguia peidar um bom trecho de uma de suas óperas favoritas, segundo a minha avó os concertos chegavam a quase trinta segundos. Já tentou peidar por trinta segundos? Apesar da formação clássica do meu avô, era uma eternidade impulsionada por muito feijão e comida ruim (não era a sua vó, era a do buteco!).
Trinta segundos, é o tempo que se pode aguentar no espaço aberto, antes que seus olhos explodam e você vire um pedaço de gelo voando no meio do nada.
Este é o tempo que Dostoiévski ficou na frente de um pelotão de fuzilamento e, na última hora, recebeu um indulto e teve sua pena mudada para trabalhos forçados na Sibéria. Depois de trocar de calças, descobriu como poderia ser eterno estes malditos trinta segundos.
Trinta segundos pode ser uma rapidinha em uma festa maluca de um amigo, ou uma longuinha, se estiver casado por mais de trinta anos!
Pode ser também o tempo que você fica na urna, decidindo que botão apertar e pensando em como vai se fuder nos próximos quatro anos.
Ou no altar, quando fizer a pausa dramática para dizer o sim, só que neste caso o prejuízo pode ser muito maior que quatro anos!
Foi em trinta segundos que o super-homem deu a volta na terra nos anos 70, para retornar no tempo e salvar a Lois Lane (a gente acreditava em cada merda naquela época).
E de trinta em trinta vamos fazendo a nossa vida. Como diria o filósofo Fausto Silva, é o tempo que temos para nos virar.
O que você faria se tivesse trinta segundos de vida? Uma rapidinha? Ou a longuinha dos casados? Eu fiz um poema sobre isso, está aqui clica!
E o seu poema, qual seria?
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