Anarquistas, graças a Deus – Zélia Gattai

“Anarquistas, graças a Deus”. Este título dizia muito dos imigrantes italianos no início do século passado. Quem assistiu ao filme “O carteiro e o Poeta”, vai entender esta lógica, havia uma inocência e um senso de justiça que transcendia ao senso comum.

O livro de Zélia Gattai traz um pouco desta essência italiana dos colonos da época. Das famílias que atravessaram o oceano em busca de uma vida melhor. Meus bisavôs fizeram este caminho, com a minha avó ainda pequena, tinha quatro anos.

Em “Anarquistas, graças a Deus”, Zélia Gattai conta suas histórias de forma quase lúdica. Conta de como seus pais vieram para cá por conta de um experimento financiado por D. Pedro II, chamado de Colônia Cecília, que foi criada para ser uma sociedade anarquista experimental.

Mais uma vez uma situação no mínimo inusitada: uma experiência anarquista financiada por um imperador, sendo que o lema dos anarquistas era: enforcar o último rei com as tripas do último padre. Mas tudo bem, isso é Brasil.

O pai de Zélia, um anarquista fervoroso, se instalou na colônia com a família. O experimento não deu muito certo e eles e viram se eira nem beira em um país distante.

O livro passa por vários casos desta família que achou o seu lugar aqui no Brasil, casos como o deu sua mãe que abrigava todos os animais que encontrava, e que interpretava os sonhos dos filhos para jogar no bicho.

Seu pai era mecânico, e um anarquista fervoroso. Desafiava sua esposa, ao trocar os nomes dos filhos na hora de registrá-los, escolhendo o que ele considerava mais correto.

As histórias de Zélia acabam sendo um pouco as nossas histórias, se você for como eu, descendente desta gente maluca e divertida, que veio de uma península em forma de bota, tentar a vida por estes lados.

No final, somos todos um pouco anarquistas. Graças a Deus!

 

Zélia Gattai

Zélia Gattai Amado de Faria nasceu em São Paulo em 2 de julho de 1916. Filha de anarquistas, foi uma escritora e um expoente da militância política nacional.

Filha dos imigrantes italianos Angelina e Ernesto Gattai, foi a caçula de cinco irmãos. Nasceu e morou durante toda a infância na Alameda Santos, Consolação, em São Paulo.

Zélia participava, com a família, do movimento político-operário anarquista que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis, portugueses, no início do século XX.

Aos vinte anos, casou-se com Aldo Veiga. O casamento durou oito anos. Teve um filho, Luís Carlos, em 1942.

 

Zélia e Jorge

Zélia era apaixonada pelo Jorge Amado escritor. Em 1945 o conheceu pessoalmente, quando trabalharam juntos no movimento pela anistia dos presos políticos.

Poucos meses depois eles já estavam juntos. Zélia Gattai começou a trabalhar ao lado do marido, passando a limpo, à máquina, seus originais e o auxiliando no processo de revisão.

Em 1946, com a eleição de Jorge Amado para a Câmara Federal, eles se mudaram para o Rio de Janeiro. Um ano depois, com o Partido Comunista declarado ilegal, Jorge Amado perdeu o mandato, e a família teve que se exilar.

Viveram em Paris por três anos, período em que Zélia Gattai fez os cursos de civilização francesa, fonética e língua francesa na Sorbonne.

De 1950 a 1952 viveram na Checoslováquia, onde nasceu a filha Paloma. Nesta época Zélia Gattai começou a fazer fotografias, tornando-se responsável pelo registro, em imagens, de cada um dos momentos importantes da vida do escritor baiano.

 

Zélia escritora

Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia: “Anarquistas, graças a Deus”. Quando completou vinte anos da primeira edição, o livro já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil.

Zélia Gattai escreveu nove livros de memórias, três livros infantis, uma foto biografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.

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